O coronel Eduardo José Félix, comandante do Batalhão de Choque, responsável pelo Gate (Grupo de Ações Táticas Especiais) da Polícia Militar, afirmou que negociação com Lindemberg Fernandes Alves foi longa e difícil porque intenção do rapaz era matar a ex-namorada feita refém e cometer suicídio.
"Não foi [o cárcere privado mais difícil]. Foi o mais longo. É claro, é difícil negociar com uma pessoa que não quer nada, que quer se matar e matar a parceira".
O cárcere privado da ex-namorada de Alves, que durou quatro dias, é o mais longo da história de São Paulo.
Rivaldo Gomes/Folha Imagem |
Lindemberg Fernandes Alves sai de apartamento após manter a ex-namorada refém por cem horas em Santo André, Grande SP |
O Gate invadiu hoje o apartamento onde Alves mantinha a namorada refém e também onde estava uma amiga da garota. As duas saíram baleadas --a jovem mantida refém levou dois tiros --um na cabeça e outro na virilha-- e está em estado gravíssimo. A amiga foi atingida na boca.
O comandante disse que nunca houve a desistência de invadir o apartamento. "O problema foi a conversa que tivemos hoje. Ele parecia que estava decidido a fazer alguma coisa. Nossa equipe que estava no apartamento do lado estava escutando que ele não iria se entregar", disse o coronel.
Félix afirmou que a amiga relatou que Alves batia muito na refém, mas que a equipe do Gate não invadiu antes do disparo porque havia risco.
"Todas as nossas decisões têm um risco e quem toma a decisão é o responsável por ela. Ou seja, se nós tomamos a decisão, nós somos os responsáveis. Se houve excesso, alguma coisa, tudo bem, um inquérito vai apurar", afirmou Félix.
A invasão ocorreu no momento em que a Polícia Militar havia convocado uma coletiva de imprensa próximo ao local. Após o tumulto, o advogado Eduardo Lopes, que defendia o rapaz, disse que abandonaria o caso.
Invasão
Foi o mais longo caso de cárcere privado em São Paulo.
Joel Silva /Folha Imagem |
Policiais militares invadem apartamento onde Lindemberg Fernandes Alves manteve a ex-namorada e uma amiga dela reféns |
Por volta das 18h10, houve uma explosão --aparentemente, uma bomba de efeito moral foi jogada no apartamento. Pouco depois, policiais militares do Gate (Grupo de Ações Táticas Especiais) entraram no apartamento --alguns pela janela. Foram ouvidos três estampidos, semelhantes a tiros.
Pouco depois, as meninas foram retiradas do apartamento, e Alves foi levado em um carro da polícia para uma delegacia da região.
Reféns
Inconformado com o fim do namoro, o rapaz havia invadido o apartamento onde a ex-namorada estudava com três amigos por volta das 13h30 de segunda-feira (13). Dois garotos foram libertados na noite de segunda. Uma amiga da adolescente ficou 33 horas em cárcere privado, mas voltou ao apartamento na manhã de quinta (16) porque a polícia aceitou uma exigência do criminoso. Ele havia se comprometido a soltar as duas em seguida, o que não aconteceu.
A estratégia foi criticada. O procedimento quebra as regras para esse tipo de situação, segundo o especialista em segurança pública José Vicente da Silva Filho, coronel da reserva da PM de São Paulo e ex-secretário Nacional de Segurança Pública.
Integridade
Por volta das 14h10 desta sexta, o promotor Augusto Rossini e o advogado Eduardo Lopes, que defende Alves, afirmaram que seria dada garantia de integridade física para que o rapaz libertasse a ex-namorada e a amiga dela.
De acordo com ambos, a garantia de integridade física foi uma exigência de Alves para libertar as meninas. Ele também teria pedido redução de pena para se render.
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