Praga com dias contados


Prefeitura de Monteiro doa palma resistente à Cochonilha do Carmim a produtores rurais.


Uma reunião que contou com a presença de todos os presidentes de Associações Rurais do município de Monteiro, foi realizada na manhã desta quarta-feira (22), no Centro de Desenvolvimento da Caprino ovinocultura do Cariri (CENDOV).

O objetivo da reunião foi o de comunicar aos presidentes de associações rurais que a partir do mês de Outubro, a Prefeitura de Monteiro, através do CENDOV, irá fazer a doação de 50 raquetes (folhas) de Palma Forrageira da espécie “Orelha de Elefante Mexicana”, a um percentual de 33% do total de pequenos produtores rurais do município.

“Cada presidente de Associação, através do critério que melhor convier aos seus associados, irá trazer a relação com os nomes de 33% dos produtores que serão beneficiados, cada um, com 50 raquetes. A única exigência feita a cada produtor é a assinatura de um termo de compromisso de que, após o prazo de um ano, cada um deles irá doar 50 raquetes da sua plantação à associação a que pertence, para que sejam doadas a outros pequenos produtores. Esse percentual nos dá uma estimativa que no prazo de dois anos nós teremos combatido a praga da cochonilha em todo nosso território”. Afirmou Paulo Marcelo, Superintendente do CENDOV.

A prefeita de Monteiro, Edna Henrique, disse ser totalmente inaceitável um município que possui a maior extensão territorial do estado, maior inclusive que a capital João Pessoa e Campina Grande, ter de conviver com uma praga, enquanto as autoridades ao invés de resolver o problema, ficavam procurando os responsáveis ou culpados pela infestação, se eximindo da responsabilidade.

“Nós assumimos um compromisso com a população de Monteiro e estamos dispostos a enfrentar todos os desafios que nos têm sido impostos dia após dia. Infelizmente, a catástrofe financeira e administrativa encontrada no início do ano não nos permite erradicar de uma vez por todas essa praga. Mas todos os produtores rurais do município podem ter certeza que se nós não pudermos fazer tudo, nós vamos fazer tudo o que puder.” Afirmou Edna.

Após 03 anos de pesquisa, com quatro variedades de palma na Fazenda Rancho Alegre, em Monteiro, a espécie “Orelha de Elefante Mexicana” foi a que apresentou maior produtividade e maior resistência aos mais variados tipos de solo, além, claro, de ser resistente à praga da Cochonilha do Carmim.

A Cochonilha do Carmim é uma praga devastadora que, há anos, ameaça a pecuária do semi-árido nordestino. Ela ataca e destrói a palma, principal fonte de alimento para o rebanho na seca.

O Brasil tem a maior área plantada do mundo: cerca de 600 mil hectares. A grande maioria cultivados com a espécie "opuntiae ficus-indica", conhecida popularmente como palma gigante.

As fêmeas do inseto, quando se alimentam da seiva da palma, produzem ácido carmínico que é a substância química de um corante vermelho de alta qualidade. Só que na década de 20, os corantes naturais perderam terreno para os químicos derivados do petróleo.

Os corantes naturais voltaram a ser valorizados e pra retomar a antiga função da palma, foi trazida, não se sabe exatamente por quem, uma nova leva de cochonilhas. Acontece que trouxeram a cochonilha errada. Essa, além de produzir o corante em quantidade insuficiente, ainda libera uma toxina que mata a palma.

A primeira notícia de infestação veio de Sertânia, em Pernambuco. Depois, foi a vez do município vizinho: Monteiro. Com alimento farto, a cochonilha rapidamente se espalhou. Em 2008 já tinha devastado lavouras de palma em pelo menos 82 municípios da Paraíba, 72 em Pernambuco e 20 no Ceará. Ao todo, já são mais de 300 mil hectares infestados ou 50% de toda área plantada no país.

Já existe um inseticida desenvolvido por uma grande empresa de agroquímicos, mas ele ainda aguarda registro no Ministério da Agricultura. Para conviver com a praga, o jeito é adotar medidas alternativas.

Produtores ainda usam detergente comum, comprado em supermercado e têm uma receita simples para diminuir a infestação: um litro de detergente diluído em 20 litros de água.

Daí é só pulverizar toda a plantação. O detergente contém uma substância chamada ácido sulfônico, e esse ácido tem a capacidade de remover a proteção cerosa que a cochonilha tem. Na hora que o detergente atua na cera, dilui a cera e o inseto é exposto ao sol. A ação do sol faz com que ela morra.

Vitrine do Cariri

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