Esclareça alguns mitos sobre a gripe suína

Cristina Almeida
Especial para o UOL Ciência e Saúde



Aprender a identificar os estados gripais e desvendar os mitos sobre a gripe suína pode ajudar a controlar a ansiedade que a doença vem provocando. Por isso o UOL Ciência e Saúde procurou especialistas para comentar algumas afirmações comuns sobre a gripe comum, a gripe suína e os resfriados. Veja:

Gripe e resfriado têm as mesmas causas e sintomas parecidos
FALSO - As gripes comuns são causadas pelo vírus influenza A, B ou C, que infectam as vias aéreas (nariz, garganta e pulmões). Os sintomas podem ser: indisposição, febre alta (persistente de 3 a 5 dias), tosse, dores musculares, dor de cabeça, calafrios, coriza, fadiga e mal-estar generalizado. Em alguns casos, pode haver náuseas, vômito e diarreia. Nos resfriados, a febre é baixa ou ausente e ocorre de 2 a 4 dias. Em geral, são causados por rinovírus (existem mais de 100 deles), parainfluenza (4 tipos), adenovírus (50 tipos) e coronavírus (4 tipos humanos), entre outros. Na gripe suína, os sintomas são similares aos das gripes comuns, mas, de um modo geral, a vítima não apresenta coriza e pode ter mais náuseas e vômito.

Tomar vitamina C previne contra gripe suína
FALSO - Tomar vitamina C não previne a gripe suína. A falta dessa vitamina tem relação com a gripe porque níveis alterados desse nutriente podem levar a alterações do sistema imunológico. Assim, seu uso é indicado somente para situações onde há deficiência desse nutriente, cuja falta prejudica não só o desempenho do organismo na defesa contra a influeza A, como para outras doenças. Entretanto, não existe comprovação de que, em organismos bem nutridos, a vitamina C traga benefícios extras. Ao contrário, seu consumo indiscriminado pode até trazer efeitos tóxicos para o indivíduo. Por isso, a dosagem ideal deve ser indicada por um médico.

Tomar chá de alho, hortelã ajuda a aplacar a gripe suína
PARCIALMENTE VERDADEIRO - Ainda não existem evidências científicas de que o consumo dessas ervas possam ter efeitos protetivos contra a gripe suína. Mas, especialistas em medicina natural afirmam que o alho é útil nas infecções do aparelho respiratório e suas propriedades combatem a proliferação de vírus. Se consumido junto como complemento ao tratamento convencional, pode ter serventia. Quanto à hortelã, trata-se de um brando germicida natural utilizado para alívio de incômodos do aparelho digestivo, conferindo mero efeito refrescante para o aparelho respiratório.

Os medicamentos usados contra gripe suína podem gerar resistência
VERDADEIRO - Os remédios utilizados para a gripe suína agem inibindo a disseminação do vírus, que tem capacidade de mudar e se adaptar, criando mecanismos de reprodução imprevisíveis, podem gerar resistência.

Pegar vento ou andar descalço pode predispor à gripe suína
PARCIALMENTE VERDADEIRO - A exposição ao frio ou calor excessivo pode prejudicar várias funções do corpo, podendo causar alterações metabólicas, incluindo modificações nas condições das defesas imunológicas. Um exemplo disso é a mudança brusca do tempo, que predispõe a quadros alérgicos com aparecimento de secreção: se a pessoa se expõe ao vírus, com alteração anatômica e funcional das mucosas do trato respiratório (pelo quadro alérgico), terá maior dificuldade para se defender do vírus.

Se alguém pegar o vírus ficará imune à doença, mesmo que ela se manifeste em uma eventual segunda onda
FALSO - Uma vez infectada, a pessoa fica imune ao vírus e, portanto, não ocorrerá a reincidência da doença. Mas se esse mesmo vírus vier a sofrer mutações, gerando uma segunda onda de contágio, o indivíduo não estará imune à versão mutante.

O vírus pode ficar incubado ao longo da vida e pode se manifestar no futuro
FALSO - O H1N1 é um vírus do tipo RNA (possui ácido ribonucléico em seu material genético) e não causa esse tipo de fenômeno.

Obesidade pode aumentar a predisposição ao vírus
VERDADEIRO - Estudo realizado na Califórnia revelou que 2/3 dos pacientes diagnosticados com a gripe suína, tinham doenças crônicas como asma, obstrução pulmonar, imunodeficiência, doença cardíaca (congênita ou coronária) e diabetes. A grande surpresa foi ter identificado entre elas a obesidade, que se cogita incluir no rol das condições de risco. Acredita-se que o excesso de peso na região abdominal comprima o pulmão, agravando os sintomas da doença.


Fontes: Dra. Terezinha de Paiva, especialista em microbiologia médica e pesquisadora científica do Instituto Adolfo Lutz; Dr. Celso Granato, chefe do setor de virologia da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e assessor médico de infectologia do laboratório Fleury; Dr. José Luiz de Andrade Neto, infectologista e professor da PUC-PR e da Universidade Federal do Paraná (UFPR); e Dr. Luca Avoledo, naturopata especialista em nutrição e saúde natural (Universidade de Milão); com informações dos sites Centers for Disease Control and Prevention (CDC) e Bloomberg

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